sábado, 13 de agosto de 2016

NOTA SOBRE A REUNIÃO COM A PREFEITA CONCEIÇÃO RABHA

Na tarde de ontem (11/8), o SEPE/Angra participou de reunião com a Prefeita Conceição Rabha, a fim de discutir a questão dos atrasos salariais e a ausência de calendário de pagamento. Também participaram da reunião o Secretário de Administração, João Duarte, e membros da diretoria do SINSPMAR. Cabe ressaltar que o SEPE/Angra foi informado da reunião, marcada para às 17h30, cerca de uma hora antes, dificultando a ampla divulgação da mesma.
A Prefeita fez um longo relato acerca das circunstâncias econômicas em que se encontra o município. Destacamos aqui alguns pontos levantados pela mesma:
  • o Governo Estadual, ao decretar o “estado de calamidade econômica”, ficou desobrigado de efetuar os repasses às prefeituras nas datas anteriormente previstas, passando a fazê-los aos poucos e em diferentes datas;
  • a situação de crise econômica nacional é acentuada em Angra, que vivencia uma queda de arrecadação de impostos junto ao estaleiro Keppel Fells (que, de acordo com a prefeita teria caído de uma expectativa de mais de 1 bilhão de reais para algo em torno de 4 milhões) e também devido à paralisação das obras da usina Angra 3 (que só retornarão provavelmente em 2019);
  • os royalties do petróleo, que eram revertidos basicamente para a Saúde, caíram de cerca de 9 milhões/mês para cerca de 3 milhões/mês;
  • o Hospital Geral da Japuíba está sendo bancado integralmente pelo município, a despeito do acordo firmado ainda com o ex-governador Sérgio Cabral, que afirmou que custearia 25% das despesas com o mesmo mas não vem cumprindo.
O Secretário João Duarte informou que todos os dados, inclusive sobre os repasses feitos pelo Governo Estadual, podem ser consultados no Portal da Transparência, que é atualizado diariamente.
Indagamos quais esforços a prefeitura tem feito no sentido de incrementar a receita, a fim de garantir o pagamento dos servidores na data correta, e o porquê de não terem sido cumpridas as promessas feitas aos servidores e à população em entrevista coletiva no mês de abril de 2015. A prefeita informou que a prefeitura fez um grande esforço para aumentar as receitas próprias, advindas do ISS e outros impostos e taxas locais, destacando que somente por isso a situação não está pior; passou também a adotar medidas de contingenciamento de despesas, principalmente a diminuição do horário de funcionamento de diversos órgãos públicos – à exceção daqueles que tem obrigações legais e os voltados à arrecadação. Quanto ao corte de cargos comissionados, a prefeita colocou que era sua intenção trabalhar, desde o início do mandato, com algo em torno de 400, no entanto isso não foi possível.
Foi também questionada quanto às isenções de impostos concedidas a grandes empresas e clubes, e que acabaram contribuindo para a queda na arrecadação do município. A prefeita apontou que a concessão da isenção ao estaleiro Keppel Fells foi feita por governos anteriores, e que ela requereu o seu fim na Justiça, mas que, apesar de ser dada como “certa” a vitória da demanda municipal, ainda não foi julgada. Quanto ao Iate Clube de Santos, a prefeita disse que vetou o projeto, mas que a Câmara o aprovou assim mesmo. Indagada sobre a falta de “fidelidade” da base do Governo na Câmara, a prefeita informou que a mesma é frágil e que outros interesses teriam motivado os vereadores.
Enfatizamos que os servidores estão passando por situações aviltantes e até mesmo humilhantes por conta dos atrasos salariais, e que isso vem piorando a cada mês, e que por isso exigimos um compromisso da Prefeitura em regularizá-los imediatamente, pois os trabalhadores não podem sofrer as consequências de uma administração desastrada e que foi incapaz de se planejar com a devida antecedência para o enfrentamento do atual – e há muito anunciado – cenário econômico. A Prefeita afirmou que, além das medidas de contingenciamento já anunciadas, a Prefeitura irá tentar a obtenção de empréstimo junto a órgãos federais a serem utilizados totalmente para o pagamento da folha salarial, mas que, enquanto o mesmo não for concedido, nada mais há para se fazer.
Lembramos à prefeita que a Prefeitura dispõe de repasses do FUNDEB e que eles são depositados em dia – de acordo com a própria. Como o FUNDEB é utilizado totalmente para o pagamento da folha salarial da educação, indagamos se não seria possível à Prefeitura efetuar o pagamento destes profissionais na data em que chega tal repasse. Ainda que não se conseguisse chegar ao salário integral, que pagasse ao menos uma parcela, a fim de possibilitar aos profissionais da educação (que, como sabemos, tem um grande contingente que mora em outros municípios e por isso arcam com grandes custos para se locomover ao trabalho) o pagamento de suas contas sem atrasos. A prefeita disse que essa é uma possibilidade e que irá conversar com a secretária de Fazenda no dia seguinte, comprometendo-se em nos dar o retorno o quanto antes.
Foram discutidos também outros pontos, além da situação salarial. Pagamento dos descontos de greve de 2014: a prefeita informou que já concedeu os abonos e que as secretarias responsáveis tem de efetuar o pagamento; quem não tiver recebido o valor adequado, deve procurar a secretaria com os contracheques comprovando os valores descontados para regularização. Acumulação de matrículas das pedagogas: a PGM emitiu um parecer questionando alguns pontos da minuta produzida pela comissão de pedagogas e a advogada do SEPE, no entanto ainda não tivemos acesso ao mesmo; acordou-se, então, de marcarmos uma reunião entre a comissão, a advogada do SEPE e a Procuradoria, numa data a ser definida o quanto antes. Licenças-prêmio: a prefeita informou que as licenças que foram autorizadas pela Secretaria até o dia 01 de Agosto serão concedidas; o decreto publicado no B.O. 656, no que tange a concessão de licenças-prêmio, não tem efeito para as já autorizadas.
Por fim, foi requisitado o abono dos dias de paralisação ocorridos no mês de Julho. A posição inicial do Governo, defendida pelo secretário João Duarte, foi que não iria ocorrer o abono, pois considerou ultrajante diversas falas ofensivas direcionadas à prefeita, feitas ao microfone durante o movimento. Argumentamos que o trabalhador, que estava ali apenas exercendo seu legítimo direito de greve frente a uma situação aviltante, não pode ser penalizado (ainda mais!) pelos possíveis excessos cometidos por um ou outro ao microfone. Colocamos que, caso o secretário ou a prefeita considerarem que algum ato ou fala ilegal foi cometido naqueles dias, que cobre judicialmente os sindicatos envolvidos, porém não penalize os trabalhadores. A prefeita, então, retrocedeu, disse que iria repensar e que nos informará sua decisão numa nova oportunidade.
Em nossa avaliação, a prefeita utilizou-se daquele momento mais para repetir justificativas há muito veiculadas em diferentes mídias do que para apresentar medidas e propostas no sentido de equacionar as perdas que a categoria vem sofrendo por conta dos atrasos salariais. Destacamos ainda que, embora em diversas oportunidades a prefeita ressaltou a péssima situação financeira em que foi deixada a prefeitura pelos governos anteriores, pouco foi feito nos últimos anos tanto para solucionar tais problemas quanto para responsabilizar – até judicialmente – os envolvidos. Entendemos, enfim, que o fato de a prefeita – chefe eleita do Executivo Municipal – ter demorado tanto tempo para receber uma comissão com os servidores (e, mesmo agora fazendo de forma abrupta, dificultando até uma articulação para a participação de mais pessoas), basta lembrar que desde ao menos o ano passado solicitamos uma audiência com a mesma, indica que há no mínimo uma certa resistência em estabelecer um diálogo produtivo e aberto com a categoria. Embora saibamos que interesses escusos possam perpassar a administração e o legislativo municipal, dificultando a aplicação de medidas necessárias e benéficas não só aos servidores mas à população, entendemos que tal quadro só poderia ter sido revertido com uma aliança com o povo e com os trabalhadores desde o início; algo que, infelizmente, não ocorreu.

O SEPE/Angra reforça aqui a convocação para a ASSEMBLEIA GERAL convocada para a próxima quarta-feira, dia 17/08, às 18h, no SINDICATO DOS ARRUMADORES, onde poderemos discutir os impactos desta reunião e os próximos passos do movimento. Convocamos também para a plenária com o DIEESE que acontecerá no dia 18/08/16, às 18h, no SINDICATO DOS ARRUMADORES.

O SEPE somos nós, nossa força e nossa voz na defesa da educação pública!

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