Educar para quê? Por anos a educação brasileira vem debatendo esta questão. A atual política da maioria dos governos de avaliar a educação brasileira através dos famosos “provões” traz uma resposta; resposta desastrosa, é verdade. Ora, se o aluno, o professor e a escola serão avaliados por estes provões, então a educação só precisa realizar um treinamento com o aluno para que ele possa fazer boas provas. Nada de construir cidadãos ou preparar o aluno para ser um bom profissional. Para essa lógica bastam treinamentos intensivos. Trata-se da mesma lógica dos cursinhos que prometem preparar os alunos para concursos públicos, vestibulares etc.
Para o Sepe, a preocupação central com estes índices de desenvolvimento da educação, seja em qualquer nível (federal, municipal ou estadual), tem um caráter principal: retirar das mãos do governo a responsabilidade para com o ensino público; provar que a educação alcançou índices melhores não porque o governo aumentou o número de concursados nas escolas; não porque os salários aumentaram e o professor pode se dedicar mais; não porque o governo investiu mais na educação. Simplesmente querem induzir os profissionais a que esqueçam tudo aquilo que aprenderam; tudo o que significa ensinar. Assim, tentam retirar toda a autonomia de suas aulas.
A orientação dos governos é que os professores apenas repassem aos alunos “como realizar boas provas”. A escola e seus profissionais que melhor treinarem os alunos para estas avaliações serão os mais agraciados pelas políticas de produtividade e metas absurdas que querem impor. Sem aumento ou isonomia salarial, a intenção do governo é transformar nossos alunos, profissionais e escolas em competidores “incansáveis” em uma disputa alucinada pelas melhores colocações. Colocam, assim, uma camisa de força na educação e pretendem transformar as escolas em fábricas, com alunos preparados para marcar cruzes, mas incapazes de formularem um texto.
IDEB x EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
ResponderExcluirAfirmar qual é a melhor escola, e a pior, por meio de uma prova externa, descolada da realidade dos estudantes dela e que não leva em consideração valores (respeito, amizade, solidariedade, cooperação, e etc...) a serem construídos nos estudantes, o projeto pedagógico da escola, o nível de aprendizado do estudante quando chegou à escola e o quanto ele progrediu (temos estudantes sobretudo do ensino Médio noturno que já estão a anos sem estudar e muitos nos chegam sem estar sequer alfabetizados) é uma informação enganosa.. serve para desqualificar os professores e fazer com que a comunidade não matricule seu filho naquela escola contribuindo para o seu fechamento e aumento da baixa estima de quem frequenta essa escola.
Assim é fácil fortalecer o discurso de que "o que é público não presta"... Assim certos partidos como PT, PMDB, PDT, DEM, PSDB e todos a que a eles se aliam, mostram sua face neoliberal que pretende privatizar os serviços públicos e oferecendo esses mesmos serviços a somente quem pode pagar por eles. Nos governos desses partidos é comum os baixos salários, a política de contratos temporários que promove rodízio de professores frequentemente, a falta recorrente de professores nas escolas, diminuição de carga horária do ensino fundamental (rede estadual) e por aí vai...
Devemos não levar em consideração essa avaliação que só mostra que os governos foram reprovados nos índices que eles mesmos criaram por suas práticas destruidoras da educação pública. As escolas da Baía da Ilha Grande que obtiveram melhor índice nesse IDEB foram escolas que não tem carência de professor e com professores, em sua maioria, que já estão atuando a mais de 3 anos na escola, pois essas escolas contam com a parcerias de emptresas - eletronuclear, Petrobrás...- que não tem a finalidade de oferecer Educação desobrigando o estado de cumprir um papel que é seu.
Espero que a escola pública não se torne apenas um cursinho de aprender como se marca a cruzinha na resposta certa e avance na sua missão de formar cidadãos comprometidos com a melhoria nas suas condições de vida coletivamente, a mesma escola que esperava Paulo Freire onde
Escola é...
o lugar onde se faz amigos
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se ‘amarrar nela’!
Ora , é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz."
Fonte(s):
http://www.paulofreire.org/escola_p.htm