A partir do dia 8 de setembro de 2009 nós, profissionais da Educação da rede estadual, após algumas paralisações anteriores amplamente divulgadas, decidimos em assembleia, diante da má vontade do governo estadual em negociar e da maioria dos deputados estaduais, entrarmos em greve com o objetivo de chamarmos a atenção da população para o descaso com a Educação pública estadual que passa também pela nossa má remuneração. Essa situação seria agravada pela imposição do governo em modificar, para pior, o Plano de Carreira de nossa categoria e incorporar uma gratificação de míseros R$ 435,00 em cinco anos.
A deliberação de entrarmos em greve foi tomada em assembleia que possibilitou a participação com voz e voto de qualquer profissional da Educação da rede estadual, contribuindo assim para nossa formação política, parte de uma formação continuada que todos devemos ter e que em muitas vezes não nós é possível.
Entendeu-se também que a greve seria uma forma de mostrarmos nossa indignação para com os parcos salários pagos pelo governo do estado aos seus educadores, fazendo com que esses abandonem o magistério estadual diante de qualquer outra proposta de melhor remuneração, mesmo a contragosto. Daí a carência crônica de professores nas escolas estaduais, interferindo no trabalho de todos e precarizando os serviços oferecidos à população mais pobre. Os que permanecem adoecem com freqüência devido, entre outros fatores, a excessiva jornada de trabalho para aumentar seus vencimentos.
O governo do estado tem a prática de punir os trabalhadores da educação que participam de greves e paralisações cortando-lhes o ponto dos dias parados. Atitude ilegal, uma vez que o corte de ponto só deve ser praticado se a greve for julgada e considerada ilegal. O “código 61” quando foi criado teria um caráter meramente informativo e não punitivo, uma vez que a greve é um direito constitucional. O salário desses funcionários, que já é pouco, fica ainda menor com esse corte. Cabe ressaltar que esse dinheiro tirado dos servidores mais conscientes dificilmente será devolvido. A nossa última greve, por exemplo, foi considerada legal pelo judiciário, que exigiu o pagamento do desconto aos servidores, e o governador com desprezo às decisões do judiciário até hoje não pagou, e provavelmente não o fará, engordando assim sua caixinha de negócios escusos .
Os abonos que os governos recém-empossados costumam conceder a quem adere a paralisações são para fins disciplinares e não pecuniários.
São as diretoras — que também são professoras e portanto usufruem dos benefícios conquistados com a pressão dessas greves, paralisações e atos públicos — usadas pelos governos para a execução desse ato ilegal de corte de ponto. Assim sendo, essas se tornam suas cúmplices no ato imoral de tentar calar os profissionais da Educação por intermédio do desconto no salário de colegas já penalizados com baixos salários.
Cabe lembrar que os governos /patrões sempre agiram assim no decorrer da história brasileira. Afinal de contas quem capturava e punia os escravos fugidos eram também negros (capitães do mato), e quem denunciava e torturava os trabalhadores perseguidos políticos no tempo da ditadura eram outros trabalhadores, que o fazia em troca de alguns benefícios pessoais.
Por isso, seguindo o exemplo da atitude de várias direções de escola no estado do Rio de Janeiro, solicitamos sensibilidade das direções de escola em se colocar ao lado dos servidores em luta por uma Escola de qualidade. Nosso cargo público deve estar a serviço da população carente que precisa de uma Educação de qualidade e não de governos que querem desqualificar nossa profissão e a Educação, obrigando-as a cometer atos injustos e ilegais como o corte de salário de companheiros de profissão.
No mais, podemos ter certeza de que serão esses servidores, essência crítica da Escola, que estarão juntos a vocês, diretoras de escolas, caso o governo cometa alguma ação imoral e/ou ilegal atacando ou punindo-as.
Contamos com seu apoio e seu Engajamento em nossa luta !!!!
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